sexta-feira, 15 de julho de 2011

História do termo Psicologia Clínica, por Rodrigo Caetano Rahmeier

Contribuição do estudante de Psicologia Rodrigo Caetano Rahmeier, enviada a mim, texto exato historicamente, conciso e claro:
Partindo de um referencial cronológico, no histórico do modelo clínico da psicologia, o neurologista francês Pierre Janet, em sua obra Neuroses e Ideias Fixas de 1887, mencionou a expressão "psicologia clínica", através do desenvolvimento de métodos clínicos para tratamento de doenças mentais. Na época, Janet trabalhava com Charcot no famoso hospital Salpêtrière em Paris, aonde fazia pesquisas num laboratório de psicologia experimental, conseqüentemente argumentou que a atuação clínica, em relação ao que pelo menos na época entendia-se por neuroses e histeria, deveria ser de direito do médico e não do psicólogo. A medicina do século XIX, definida por Foucault como anátomo-patológica, ou seja, que buscava a localização anatômica como fonte das doenças numa base de perspectiva experimental e científica, havia dominado a função do controle higiênico e social. O mérito todavia pela formulação semântica “Psicologia Clínica”, da maneira como é entendida hoje, é do psicólogo americano Lightner Witmer e data de 1896, o objetivo era uma dupla distinção em relação primeiramente ao que na época entendia-se por psicologia filosófica, ou ainda, uma psicologia não aplicada e de caráter puramente abstrativo, assim como evitar a tendência de se pensar numa psicologia médica, modelo anterior teorizado por Janet. Witmer foi o criador da primeira Clínica de Psicologia da história, enquanto instituição, e junto com outros psicólogos da época que se auto-denominavam “clínicos”, trabalhava com crianças que tinham problemas de aprendizagem, porém já nesse período, procurava-se evitar a tendência médica de um modelo de retardo mental, ou seja orgânico, referente a tais crianças. Interessante o fato de que mesmo naquela época Witmer almejava esclarecer que a área clínica tratava-se de um fazer da psicologia na prática, objetivando tratar e ajudar pessoas com problemas reais, para tanto, era necessário um certo afastamento ou neutralidade em relação ao saber médico vigente da época, no que se referia a patologias, ou seja, antes de seguir qualquer diagnóstico médico, era necessário um estudo da história subjetiva das crianças caracterizadas com déficit de aprendizagem, para então formular estratégias de auxilio ou psicoterápicas. Finalmente, chegamos a figura central da atuação clássica do que hoje conhecemos e entendemos por psicologia clínica e um de seus modelos práticos de atuação, a psicoterapia individual, Freud, que em 30 de Janeiro de 1899 utiliza o termo “psicologia clínica” numa carta a um grande amigo confidente chamado Wilhelm Fliess: “...agora a ligação com a psicologia, tal como se apresenta nos estudos (sobre a histeria), sai do caos. Percebo as relações com o conflito, com a vida, tudo o que eu gostaria de chamar de psicologia clínica”.


Por Rodrigo Caetano Rahmeier.
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